acma1953
Almas gémeas
Domingo... vamos rir??
Minha mulher e eu temos o segredo para fazer um casamento durar:
Duas vezes por semana, vamos a um óptimo restaurante, com uma comida gostosa, uma boa bebida e um bom companheirismo. Ela vai às terças-feiras e eu, às quintas.
Nós também dormimos em camas separadas: a dela é em Fortaleza e a minha, em SP.
Eu levo minha mulher a todos os lugares, mas ela sempre acha o caminho de volta.
Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso aniversário de casamento, “em algum lugar que eu não tenha ido há muito tempo!” ela disse. Então, sugeri a cozinha.
Nós sempre andamos de mãos dadas…Se eu soltar, ela vai às compras!
Ela tem um liquidificador, uma torradeira e uma máquina de fazer pão, tudo eléctrico. Então, ela disse: “nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar para sentar”. Daí, comprei para ela uma cadeira eléctrica.
Lembrem-se: o casamento é a causa número 1 para o divórcio. Estatisticamente, 100 % dos divórcios começam com o casamento.
Eu me casei com a “senhora certa”. Só não sabia que o primeiro nome dela era “sempre”.
Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la.
Mas, tenho que admitir: a nossa última briga foi culpa minha.
Ela perguntou: “O que tem na TV?”
E eu disse: “Poeira”.
Passou a ser temido e respeitado. Volta e meia alguém se aproximava dele e sussurrava:
– Você contou para alguém?
– Ainda não.
– Puxa. Obrigado.
Com o tempo, ganhou uma reputação. Era de confiança. Um dia, foi procurado por um amigo com uma oferta de emprego. O salário era enorme.
– Por que eu? – quis saber.
– A posição é de muita responsabilidade – disse o amigo. – Recomendei você.
– Por quê?
– Pela sua descrição.
Subiu na vida. Dele se dizia que sabia tudo sobre todos, mas nunca abria a boca para falar de ninguém. Além de bem-informado, um gentleman. Até que recebeu um telefonema. Uma voz misteriosa que disse:
– Sei de tudo.
– Co- como?
– Sei de tudo.
– Tudo o quê?
– Você sabe.
Resolveu desaparecer. Mudou-se de cidade. Os amigos estranharam o seu desaparecimento repentino. Investigara. O que ele estaria tramando? Finalmente foi descoberto numa praia remota. Os vizinhos contam que a voz que uma noite vieram muitos carros e cercaram a casa. Várias pessoas entraram na casa. Ouviram-se gritos. Os vizinhos contam que mais se ouvia era a dele, gritando:
– Era brincadeira! Era brincadeira!
Foi descoberto de manhã, assassinado. O crime nunca foi desvendado. Mas as pessoas que o conheciam não têm dúvidas sobre o motivo.
Sabia demais.
Quero dizer tantas coisas....
Com excepção do amor, nunca se escreveu tanto sobre um assunto como sobre as palavras, porque as palavras e o silêncio sempre procuram um equilíbrio. Um provérbio chinês diz:
“Não abra os lábios se não tem certeza de que o que tem a dizer irá melhorar o silêncio”.
Já aconteceu com quase todos nós: sabemos o momento exacto em que uma conversa deve terminar e, contudo, continuamos, e no fim das contas tudo acaba mal. Queremos dizer tantas coisas sem pensar nas consequências, sem sermos conscientes de que às vezes é melhor calar.
Se antes de falar tivéssemos consciência que quando falamos e emitimos julgamentos e opiniões revelamos o lado mais profundo das nossas personalidades e julgamos a nós mesmos, provavelmente não permitiríamos que as nossas línguas fossem mais velozes que nossos pensamentos.
Entre amigos, entre familiares e entre pessoas que amamos é comum não se cuidar na forma de falar e deixar sair o que pensamos. As palavras que pronunciamos para as pessoas mais próximas às vezes são mais afiadas do que qualquer faca, criam muralhas muito difíceis de derrubar e ferem as pessoas que realmente amamos e apreciamos.
Embora muitas vezes o impulso de falar vença, é importante pesar as palavras, dizer a nós mesmos o que queremos dizer à outra pessoa, pesar as consequências de nossas opiniões e recorrer sempre à cortesia e à gentileza.
Sei que provavelmente magoei com palavras e até com actos,
Sei que algumas vezes exijo demasiado,
Sei que não há pessoas iguais, e em certos momentos não aceito essa diferença,
Sei que errei, sei que tenho de pedir desculpa.
“Demora-se dois anos para aprender a falar e toda uma vida para aprender a calar.”
-Ernest Hemmingway-
“As feridas da língua são mais profundas e incuráveis que as de uma faca.”
-Provérbio árabe-
Amar ou adorar? qual a diferença
Li algures num blog sobre amor uma tese que entronca naquilo que também penso. Em boa verdade existe uma diferença, e achei interessante. Adorar e amar são dois sentimentos maravilhosos mas, sem dúvida, distintos. Todos (ou quase todos) nós temos um propósito firme e intangível na nossa vida: amar alguém com todas as nossas forças.
Nós pensamos sobre isso e desejamos fervorosamente pelo simples facto de pensarmos que realizar estes objectivos nos conduz à felicidade. Creio não estar errado ao pensar que o apego saudável é indispensável para explorar o nosso mundo.
No entanto, por diversas razões, acabamos confundindo o adorar com o amar e vice-versa. Como consequência desta confusão, enchemos a nossa mochila emocional de “eu te adoro” falsos e de “eu te amo” vazios."
Lembrei-me de um livro que li há muitos anos atrás, "O Pequeno Príncipe" de Antoine Saint Exupéry.
Essa obra notável que li com imensa sofreguidão, contém uma passagem para ilustrar esta ideia, e que lança luz sobre a realidade emocional poderosa que afecta quase todas as pessoas num momento ou outro da vida. Parte desse diálogo era assim:
"—Eu te amo —disse o Pequeno Príncipe.
—Eu também te adoro —respondeu a rosa.
—Mas não é a mesma coisa —respondeu ele, e logo continuou— Adorar é tomar posse de algo, de alguém. É buscar nos outros o que preenche as expectativas pessoais de afecto, de companhia. Adorar é fazer nosso aquilo que não nos pertence, é apropriar-se ou desejar algo para nos completar, porque em algum momento reconhecemos que estamos carentes."
Adorar é esperar, apegar-se às coisas e às pessoas a partir das nossas necessidades. Então, quando não temos reciprocidade, existe sofrimento. Quando o “bem” adorado não nos corresponde, sentimos frustração e decepção.
Se eu adoro alguém, tenho expectativas e espero algo. Se a outra pessoa não me dá o que eu espero, eu sofro. O problema é que há uma maior probabilidade de que a outra pessoa tenha outras motivações, pois somos todos muito diferentes. Cada ser humano é um universo.
Continuando a citar Saint Exupéry:
"Amar é desejar o melhor para o outro, mesmo quando as duas pessoas têm motivações bem diferentes. Amar é permitir que você seja feliz, quando o seu caminho é diferente do meu. É um sentimento altruísta que nasce ao se entregar, é se dar por completo a partir do coração. Por isso, o amor nunca será causa de sofrimento. Quando uma pessoa diz que já sofreu por amor, na verdade ela sofreu por adorar, não por amar. As pessoas sofrem pelo apego. Se alguém ama realmente, não pode sofrer, pois não espera nada do outro. Quando amamos, nos entregamos sem pedir nada em troca, pelo simples e puro prazer de dar. Mas também é certo que essa entrega, este “se entregar” altruísta, só acontece no conhecimento.
Só podemos amar o que conhecemos, porque amar envolve saltar para o vazio, confiar a vida e a alma. E a alma não se indemniza. E conhecer a si mesmo é justamente saber de si, das suas alegrias, da sua paz, mas também das suas raivas, das suas lutas, dos seus erros. Porque o amor transcende a raiva, o erro, e não é só para momentos de alegria.
Amar é a confiança plena de que aconteça o que acontecer, você vai estar presente, não porque você me deva alguma coisa, não por uma posse egoísta, e sim só por estar, em uma companhia silenciosa. Amar é saber que o tempo, as tempestades e os meus invernos não mudam.
Amar é dar-lhe um lugar no meu coração para que você fique como parceiro, pai, mãe, irmão, filho, amigo, e saber que no seu há um lugar para mim. Dar amor não esgota o amor, pelo contrário, o aumenta. A maneira de retribuir tanto amor é abrir o coração e deixar-se ser amado."
—Agora entendo —contestou ela depois de uma longa pausa.
—É melhor viver isso —aconselhou-lhe o Pequeno Príncipe.
Saint Exupéri
Adorei reler este livro