IsabelCris

 
registro: 28/03/2010
Un cuore che cerca, sente bene che qualcosa gli manca; Ma un cuore che ha perduto, sa di che cosa è stato privato."
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Luto.

Não deixar florescer uma ideia é o mesmo que não deixar uma criança nascer.

Em silêncio a ideia é trabalhada dentro de nós, esta vai criando forma, face, como uma criança sendo gerada.

Quantas ideias ocultas vivem mudas em nós?

Lembrei-me de um poema de Camilo Pessanha, cujo nome é "Poema Final" e resolvi postá-lo neste meu espaço. Linguagem simbólica que nos remete a pensar. Mundo das pontecialidades - possibilidade do "eu" libertar-se.


Poema Final

Ó cores virtuais que jazeis subterrâneas,
_ Fulgurações azuis, vermelhos de hemoptise,
Represados clarões, cromáticas vesânias,
No limbo onde esperais a luz que vos batize,
As pálpebras cerrai, ansiosas não veleis.
Abortos que pendeis as frontes cor de cidra,
Tão graves de cismar, nos bocais dos museus,
E escutando o correr da água na clepsidra,
Vagamente sorris, resignados e ateus,
Cessai de cogitar, o abismo não sondeis.
Gemebundo arrulhar dos sonhos não sonhados,
Que toda a noite errais, doces almas penando,
E as asas lacerais na aresta dos telhados,
E no vento expirais em um queixume brando,
Adormecei. Não suspireis. Não respireis.

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

 



 

Torna-se luto quando se perde um grande pensador. Quantas ideias com ele se foram... Ele nem sabia que eu o lia, que concordando ou não com suas ideias, elas faziam o meu cérebro fervilhar. Estou em luto e luto por todas as crianças/ideias que não tiveram a oportunidade de nascer.

Ah,  essa linguagem simbólica de Camilo Pessanha me faz delirar!