Marinheirа

 
Status do relacionamento: em um relacionamento
registro: 24/09/2017
Ao som do mar, a luz do céu profundo. Gigante pela própria natureza.
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Último jogo

Poesia: Canção para arrumar a mesa


De minha mãe, eu sei, herdei a calma os pés no chão, a luz dos candelabros.
Mas quem legou as mãos ardendo em brasa?

Quem semeou em mim esta semente a cada outono florescendo em dálias?
Era tão certa a casa em que vivíamos seu lúcido equador, as costas largas bonança horizontal pompa e decoro.

Sobre a toalha, o rol de cicatrizes: à esquerda os garfos, à direita as facas no centro, o prato, dentro, o guardanapo.

Onde coloco, mãe, essa vontade de afiar as garras?


Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

Felicidade Clandestina

  • Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”. Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim um tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo. E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados. Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
  • E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que,finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo.E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar.Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de oter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa,adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o,abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.


Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante


Clarice Lispector


CARTA: Intenso amor que devotas.

Carta a um homem comum, cujo ornamento de sua alma é, devocionária a uma elite saqueadora.

  • Vejamos! A insensatez continua a usufruir da mente de um homem comum, cuja a vida passou a se relacionar com pensamentos que o despreza em seus valores, não se ama a si, mas é devoto a elite saqueadora dos pobres analfabetos. E, saqueadores dos impostos dos milionários de sua era.


  • Ninguém cura - se a loucura, com inúmeros preceitos vindo de sua própria lei desumanizada. O mesmo falo do mau caratismo. Um homem comum, tem por falta de sabedoria, os atos desajustados e desenfreados, da vontade múltipla, ele é mais escravo das vontades, do que possui domínio por certas vontades.


  • O mesmo se mostra um desiquilíbrio emocional.
  • A água roubada é doce e, o pão que se come escondido é ainda mais saboroso!
  • Nessas condições de idolatria aos saqueadores! Não percebem que ali habita os condenados.


  • Reparamos quando afrontamos um ignorante que se passa por sábio, logo vemos que trazemos afronta para nós, assim quando aquele que esta escarnecendo uma pessoa e, nós repreendemos ele, logo ele se aborrece. Mas, quando indagamos ou repreendemos o sábio, ele apenas nos amará. Eis a diferença do tolo e do sábio.


  • Mas onde iremos chegar? Se tivermos um bom preceito, nada em excesso'' Os bons exemplos nos acompanharão! Mas, se tivermos maus preceitos, claramente não daremos bons exemplos para aqueles que estão perdidos pelo caminho, buscando um exemplo digno a ser exemplificado. ''Ora... Mas há crença e devoção incapaz de se desfazer? Creio que mesmo que esteja entretecido no profundo do vosso ser, ainda há chance da mudança exemplaria e simplista. O importante é elucidar a mente desses devocionais a corruptos, que os engana com suas falácias de ajuda humanitárias aos mais carentes.


  • Não adianta ser inauditos de palavras e, ricos de letras, mas com mau exemplo de preceitos.


  • Tem que ser cheio de palavras, ricos de conteúdo... para assim dar - lhe bom exemplo a esses devotos de corruptos.


Rachel Heydrich




Filosofando: Ideias Falsas.



Ideias falsas, ou ideias imaginárias?

Dentro deste meio entre o falso e o imaginário pensar, existe à pairar o medo e o tormento!
A irrealidade daquilo que o pensamento imaginário está a criar dentro do subconsciente.
Mesmo que o presente esteja indo tudo bem! A falsa ideia haverá de dizer para o pensamento!

  • Há de haver!

A insensatez, não deixa o ser humano se manter no lugar onde deveria estar! No lugar que o tempo o coloca...
Nem ser o que deveria ser, a insensatez o sobrepunha em lugares escorregadios e, mesmo estando no outro lado sombrio, que não deveria estar, mesmo assim... concorda com sua escolha vinda não da razão eloquente, mas, de um devaneio imposto pela insensatez.
A falsa ideia que cria no seu pensar e tem como a razão pertinente e sensata sobre razões humanistas.
Levanta - se hediondos pensamentos de certezas concretas, acreditando na total insensatez, a pondo como racional razão ao qual esteja a lutar pela falsa ideia daquilo que a insensatez o faz acreditar.

Mas, não pense que estou a condenar os passos erroneamente pisados, pelos pés da voluntária vontade.
Não! Estou apenas a citar a sensata razão da obediência dos nossos princípios humanos, que nos foram impostos, desde do nosso existir! Que para chegar - me a este ponto de pensamento correto, tive que beber das águas sujas da insensatez, mas que por intermédio de um espírito humanizado sensato, consegui retirar o meu pensar e meus passos da casa onde mora a insensatez.
Tive que me refazer, derrubei as minhas fortificações insensatas mas isso fiz, quando ainda brotava como criança!
Fui insensata na minha pré adolescência, até justificaria minha insensatez desenfreada na adolescência, por ser ainda adolescente e estar em fase do maior encanto de descobrir a vida e suas penumbras sujas e vazias.

Mas, a fase adulta para mim quem age desta maneira é imperdoável.
Vejamos que idade não trás maturidade! Muitas vezes trás mais burrice.

Mas ser insensato é apenas a falta de olhar a placa de aviso: ESTÁ INDO PARA QUAL LADO?

Rachel Heydrich.







- Gosto dos venenos dos tolos.

Na obscuridade das trevas vaguei os meus passos, onde a voracidade escura, sintonizava os acordes tempestuosos da minha alma negra! Bebi do seu veneno mortal e camuflado! Tinha sabor de uvas silvestres colhidas no alvorecer da relva, que umedecia teus cachos. A mim não cortou as vísceras, nem asfixiou meu fôlego de vida.

Nem causou ardor do peito, era para a minha imortalidade, um reles adocicado veneno.
Um simples veneno, um inútil veneno.

A tua sede de consumir - me, consumiu a ti.
A gana por detrás do infame ódio.
Eu sou o ódio, eu sou a dor, a cortante lâmina, eu sou a penumbra da noite!

A frieza e impiedade!
Os grilhões do inferno!
Sou os gritos das ondas!
Eu sou a porta de ferro!

Nada comoverá a minha alma sem alma.
Eu sou nêmesis!
Gosto dos venenos dos tolos, não tem sabor de nada, são árvores de sombras, um monumento parado!

Rachel Heydrich