Vamos com calma.
Cheguei à conclusão de que sou uma pessoa diferente. Só não sei se isso é uma qualidade, por eu não ser igual aos demais ou um defeito, por me ver tão distante do padrão que a maioria vive quando se trata de sentimentos, afeto e amor. E não, não tem nada a ver com o fato de eu ser meio solitário ou insensível. Na verdade, acho que sensibilidade eu tenho até demais, e justamente por sentir muito, me incomoda quando eu me entrego para alguém e não sinto nada.
É que eu percebi que não levo jeito para essa coisa de ficar com uma pessoa por ficar. Não me tranquiliza a ideia de conhecer alguém e em poucos minutos, já estar trocando toques e compartilhando intimidades eufóricas. Acontece? É claro acontece. Às vezes basta você olhar uma pessoa para que o seu corpo implore para conhecer o dela. E, ao conhecer, você consegue sentir coisas que jamais achou que sentiria assim, de uma maneira tão súbita e inesperada. Mas, pelo menos por aqui, isso são casos raros.
A verdade é que geralmente essa pressa toda me assusta. Porque que me desculpem os que gostam de coisas rápidas e passageiras, mas eu não gosto de ser assim tão efêmero. Eu gosto de conhecer, de perguntar, de saber do que o outro gosta, o que espera do amanhã. Essas coisas. Mesmo sabendo que suas respostas não mudarão o mundo e nem acabarão com a fome, para mim elas tem importância.
Porque eu gosto de saber ao menos um pouco sobre a pessoa que é dona da boca que estou beijando. Às vezes, nem precisa falar muito, porque a emoção e o momento trata de confiscar as palavras. Mas na maioria das vezes, é bom ter pelo menos uma dose de admiração além da casca para que possamos nos entregar intensamente a alguém.
Porque amigos, não há nada mais broxante e desconfortável, do que beijar uma pessoa e não sentir nada além de um imenso vazio. Dá vontade de sair correndo e não manter contato nunca mais. É que existem pessoas que parecem uma piscina vazia. Se você pular, não afunda, nem boia. Apenas cai. E as vezes, até se machuca. Então, por favor, vamos com calma. Para manter calma a alma.
