Acho engraçado essas pessoas que entram na minha vida sem pedir licença, causam um furacão e depois vão embora sem mais, nem menos. Que mania é essa de deixar tudo bagunçado e sair sem ao menos escrever um bilhete para notificar a partida? Tá achando que aqui é a casa da mãe Joana? Não é, não. Aqui é a casa de alguém que carrega dentro de si um coração que sente tudo em demasia, principalmente quando o assunto é saudade.
Saudade quente, que arde e que queima nas lembranças da gente. Que desfaz os laços do coração e transforma tudo em nó na garganta. Que arranha a alma e faz chover nos olhos. Saudade que implora pelo teu cheiro, que sente no vazio do ar o teu toque manso, que ouve dentro do silêncio o som da tua gargalhada e vive tentando achar em outros rostos o sorriso que só existe em ti.
Olha, se isso for arte, receba agora os meus aplausos. Afinal, não é qualquer um que tem talento assim para partir o coração dos outros. Eu mesmo não me enquadro nesse grupo. Sabe como é, tem gente que nasce para construir, outras para quebrar tudo.
Mas ó, já tem um tempo que eu venho me proibindo de me envolver demais nessa coisa de paixão. Hoje em dia eu tenho medo. Medo de ser indiferente a ponto de não causar impacto. Medo de não ser o bastante. Medo de ser deixado para trás mais uma vez. Porque sabe, isso dói tanto. E a culpa é sua. Sua e de todas as outras que passaram por aqui e não ficaram. Que se hospedaram por temporada. Que me fizeram acreditar que seria bem mais do que o pouquinho que foi. Ai, ai... Preciso dizer que eu odeio gente que não faz as coisas durarem; pena que eu pareço ter um ímã que atrai todas elas. E isso é um saco.
Porque hoje era pra ser apenas mais um dia qualquer. Mas aí você apareceu, me conquistou e enquanto eu mergulhava no nosso mar azul, você resolveu ir embora. Nem sequer olhou para trás para ver se eu ia me afogar. Mas ok.
Só quero que saiba que tenho sentido muito a sua falta, mas se tem uma coisa que eu não quero, é você de volta. É que eu cansei de pessoas que não ficam. Gente pequena, pouca e rasa como você, sabe? Por tanto fique tranquila; a sua espécie já não me satisfaz mais.
